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Sobe para nove número de mulheres que denunciam personal em Salvador

Novas vítimas registraram boletins de ocorrência contra o personal trainer Maurício Brasil, investigado por importunação sexual em Salvador, segundo informações da delegada Marita Souza, responsável pelo caso.

Em entrevista à TV Bahia, a delegada informou que, além da enfermeira e influenciadora digital Maria Emília, outras mulheres denunciaram o profissional, totalizando nove queixas formalizadas.”Precisamos que outras mulheres, que tenham sido vítimas, que elas venham para a delegacia e registrem para, a partir daí, instaure os procedimentos e investigar tudo, como manda a lei, e depois encaminhar para a Justiça”, afirmou a delegada Marita Souza. Conforme a delegada, Maurício Brasil será interrogado, e as vítimas serão ouvidas na unidade policial.

Para a TV Bahia, Maria Emília Barbosa refletiu sobre a dimensão da violência contra a mulher após ouvir relatos semelhantes. Ela disse que, após tornar público o caso, recebeu mais de 40 mensagens de outras mulheres que afirmam ter passado por abusos como o que sofreu.

Ela descreveu o impacto emocional do episódio e criticou a lentidão da investigação: “Muito tempo a gente fica se questionando se realmente isso aconteceu, se é coisa da nossa cabeça, até realmente se concretizar um ato”.

“Foram mais de 40 pessoas que entraram em contato comigo. Cada uma com sua subjetividade, mas com relatos muito parecidos com o meu. Relatos que mostram um mesmo modus operandi”, contou.

A enfermeira também revelou ter recebido mensagens da família do investigado após tornar o caso público: “A mãe dele entrou em contato comigo pedindo para que eu não falasse sobre ele no meio digital, porque a irmã trabalha com isso e citou até que o pai dele é do órgão judiciário”.

Segundo Maria Emília, a irmã do personal também teria enviado mensagens ofensivas pelas redes sociais, chamando-a de mentirosa. “Esse foi o único contato que tive da outra parte até então”.

A denúncia foi registrada uma semana após o episódio, e a vítima contou que ainda não foi ouvida pela Polícia Civil (PC). “Infelizmente, ainda não teve esse ouvir. Outras vítimas já prestaram depoimento, e ainda assim essa lentidão”.

Ela fez um apelo para outras mulheres procurarem as autoridades: “Todo mundo que já passou por isso e reconhece realmente quem é a pessoa, que não fique só no Instagram. Que tenha coragem e vá até a delegacia denunciar. A gente só vai ter voz se estivermos juntas”.

Maria Emília destacou ainda que muitas das mulheres que a procuraram têm medo ou vergonha de revelar o que passaram, inclusive para familiares e parceiros: “Tem meninas que nem sequer tiveram coragem de contar aos noivos, aos maridos, aos namorados. Então, o outro lado tem que pensar nas outras famílias antes de acontecer o que aconteceu”.

Procurada pelo g1, a defesa de Maurício Brasil informou que não emitirá nota pública neste momento, “pois todas as manifestações oficiais referentes ao caso serão feitas exclusivamente nos autos, garantindo a seriedade, a integridade da investigação e o respeito ao devido processo legal.”

Relato nas redes sociais

Por meio de um vídeo nas redes sociais, Maria Emília relatou que o primeiro contato com o profissional ocorreu em janeiro deste ano, após indicação de uma amiga. Ela negociou a contratação do serviço por mensagens, e ambos combinaram que haveria divulgação nas redes sociais.

Conforme o relato, a primeira consulta aconteceu em 31 de janeiro, quando, segundo a enfermeira, o personal exigiu que a avaliação física fosse feita de biquíni, alegando ser a única forma adequada de realizar o procedimento.

Maria Emília afirmou que, durante o atendimento, foi submetida a poses e procedimentos que a deixaram desconfortável, incluindo uma suposta liberação miofacial com aproximação excessiva das partes íntimas.

“Eu estava extremamente desconfortável, mas pensei que fizesse parte do exame. Ele chegava muito perto, sem tocar, e eu permaneci paralisada, tentando agir naturalmente”, relatou.

Ao longo dos 30 dias seguintes, ela disse que seguiu o plano de treinos e retornou para nova avaliação. Desta vez, recusou o uso de biquíni e optou por roupa de academia, mas afirmou que o personal insistiu, alegando ser impossível realizar o procedimento corretamente sem o traje indicado.

Segundo Maria Emília, o comportamento do profissional se tornou ainda mais invasivo. Sem citar o nome dele, ela relatou que o homem chegou a “lateralizar” sua peça íntima e fez movimentos de conotação sexual. “Eu dei um tapa na mão dele e pedi para parar. Foi quando ele pegou minha mão, colocou no órgão genital dele e disse: ‘Veja só como eu fico com você’”, afirmou.

A enfermeira contou que deixou o local imediatamente. Após relatar o ocorrido a pessoas próximas, descobriu que outras mulheres já haviam vivido situações semelhantes com o mesmo profissional. Ela procurou apoio jurídico e registrou um boletim de ocorrência em março deste ano. “Eu me senti culpada por ter ficado paralisada, mas hoje sei que isso é uma resposta comum diante da violência. Por isso, decidi falar”, declarou.

Na publicação, Maria Emília também incentivou vítimas de violência física, psicológica ou digital a denunciarem e divulgou o contato de seu advogado para apoiar possíveis vítimas.

Em nota ao g1, a PC informou que apura uma denúncia de importunação sexual sofrida por uma mulher em uma sala comercial no bairro Caminho das Árvores, nos dias 31 de janeiro e 19 de março.

Conforme a corporação, a 16ª Delegacia Territorial da Pituba conduz oitivas e outras diligências investigativas, incluindo análise de câmeras de segurança, para esclarecer as circunstâncias do caso.

Em nota, o Conselho Regional de Educação Física da 13ª Região – Bahia informou que instaurou procedimentos administrativos e que a Câmara de Julgamento Ético-Disciplinar do CREF13/BA analisará o caso “com o rigor técnico necessário”.

Veja a nota do Conselho Regional de Educação Física da 13ª Região:

“O Conselho Regional de Educação Física da 13ª Região – Bahia (CREF13/BA) repudia veementemente qualquer forma de violência, assédio moral ou assédio sexual, especialmente quando praticados no exercício da profissão. Como órgão fiscalizador e orientador, reafirmamos nosso compromisso com a proteção da sociedade, o respeito à dignidade da pessoa humana e a defesa intransigente de todas as mulheres que já sofreram ou sofrem qualquer tipo de violação.

Declaramos, ainda, nosso apoio às vítimas que têm coragem de denunciar, reconhecendo a importância de acolhê-las e garantir que sejam tratadas com seriedade e respeito.

O Brasil enfrenta índices alarmantes de casos de assédio, e o ambiente profissional não está imune a essa realidade. Diante das denúncias envolvendo um personal trainer que atende influenciadoras baianas, acusado de assédio sexual durante a prestação de serviços profissionais, o CREF13/BA informa que já instaurou os devidos procedimentos administrativos, conforme previsto no Código de Ética e nas normativas do Sistema CONFEF/CREFs, reforçando que todas as denúncias são tratadas com rigor e responsabilidade.

Ressaltamos que a conduta relatada não representa os mais de 22 mil profissionais de Educação Física registrados na Bahia, que atuam com responsabilidade, respeito e ética, contribuindo diariamente para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população.

A Câmara de Julgamento Ético-Disciplinar do CREF13/BA analisará o caso com o rigor técnico necessário, garantindo o contraditório e a ampla defesa, e, havendo comprovação de infrações éticas, as sanções cabíveis serão aplicadas, podendo incluir advertência, suspensão ou até o cancelamento do registro profissional.

O CREF13/BA reforça que atos que ferem a integridade e a confiança do público com a profissão não coadunam com os princípios da Educação Física, nem com o exercício profissional responsável e digno que esta autarquia regional defende e protege.

Reiteramos que faremos tudo o que estiver ao alcance institucional para inibir, combater e responsabilizar práticas abusivas, fortalecendo ações de orientação e fiscalização.

Seguiremos vigilantes, atuantes e firmes no combate a qualquer prática que desonre a profissão e coloque em risco a segurança e o bem-estar da sociedade baiana.”

 

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