A quarentena imposta pela a pandemia da Covid-19 há 17 meses tem impactado de diferentes formas a vida das pessoas. Com a mudança nas tarefas diárias, muitos passaram a desenvolver atividades usando aparelhos eletrônicos como computadores, tablets e celulares, situação que tem afetado a saúde ocular dos cidadãos. De acordo com o levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), sete em cada dez médicos entrevistados na pesquisa identificaram a progressão de miopia em crianças no período.
Em Salvador, o cenário não é diferente, segundo a médica oftalmologista da rede municipal de saúde, Leonora Marques. Os primeiros sintomas surgidos são dores de cabeça com frequência, ardências ou cansaço nos olhos, sendo recomendado, assim, procurar uma clínica oftalmológica para serem realizados os primeiros exames.
De acordo com a médica, quando o indivíduo tenta visualizar um objeto de interesse próprio, são desenvolvidos três fatores que ocorrem simultâneos: as pupilas são contraídas para aumentar a profundidade de foco, os olhos convergentes que também funcionam para aumentar o foco, e os músculos oculares que funcionam para modificar o formato do cristalino, focando assim melhor no objeto. “Ficar muito tempo nesta situação vai resultar numa sobrecarga que vai gerar dores oculares, cansaço visual, dor de cabeça e ressecamento ocular”, ressaltou Leonora.
O cidadão nem sempre é informado sobre o uso adequado desses aparelhos, ou por quanto tempo é recomendável ficar à frente de uma tela para poder minimizar os danos causados pela exposição ostensiva. Sendo assim, a especialista ressalta a importância de evitar o exagero de exposição a telas.
“Nós temos que evitar o uso excessivo desses eletrônicos, mesmo que protegidos por lentes antirreflexos que barram a radiação. Mesmo que, nesse momento, os cidadãos precisem exercer suas atividades, é necessário que respeitem o limite de uso e procurem um oftalmologista para diagnóstico, caso apresente alguma deformação”, declarou a médica.
O uso do celular pelo filho Johnata Williams, de 13 anos, é uma das preocupações da dona de casa Cristiane Siqueira, de 41 anos, que tenta controlar o hábito oferecendo outras opções. “Oriento a ler um livro e sempre arrumo um tempo para jogar dominó e baralho, por exemplo. Também estipulo um horário para os eletrônicos porque, além de prejudicar a visão, pode provocar a falta de interesse em fazer outras atividades”, relatou.